segunda-feira, dezembro 15, 2014

AméricaNuMinuto - On the Road to Rockies (4 de Dezembro)

O dia chegou molhado e frio. Nevava mesmo ao lado de Flagstaff, na montanha mais alta do Arizona. Abriam as estancias de ski. Ainda "azueirados" da pesada noite de despedida, arrumamos malas e sacos. Era "mandatório" abandonar o hotel antes das 12.00 para pouparmos o cartão de crédito. A rapaziada fez-se ao centro da cidade, alugaram carros para se deslocarem até Pheonix o de iam apanhar o avião no dia seguinte. Fiquei no "lodge" do pseudohotel a enebriar o muito com algumas fotografias do Grand. Encaixei algumas moedas de 1/4 de dollar na máquina e lavei a roupa de 14 dias de "podridão". Aproveitei e coloquei inclusivé a roupa de rio na máquina de secar. O hotel esta a semi-vazio, a sala de pequenos almoços estava decorada com cartazes e publicidade à antiga Road 66 (Chicago-Los Angeles), de quando em onde posteres do Elvis, Waine e Brando e James Dean, apareciam entre outras temáticas. O vazio da sala, o amontuado de sacos de viagem e os carros e comboios e e carros e cruzavam os meios olhos ininterruptamente trouxeram-me uma sensação de vazio e partida. Tudo o que tinhamos vivído, tinha terminado para recomeçar de novo nos nossos imaginários. Tempo de desconjuntar para re-conjuntar adiante. 
Despedi-me do pessoal que habitavam numa pizzaria com blhar, já regados a cerveja, prometemos um Laboreiro (com o Dan a abrir, tinha crescido muito durante a expedição) caso não chovesse muito quando chegassemos à terra de navegantes. 
Planeamos regressar via Estado do Colorado, e traçamos azimute para Durango, na base das Rocky Mountains.
A chuva abria enquanto migravamos, mas as nuvens que ficaram permitiam uma experiência de excepção, com o sol tardeiro a reflectir-lhes várias cores, e os infinitos extractos de terras a darem formas e sombras e vida ao planalto do Arizona. O Grand vinha atrelado, estava em toda a parte, e os sentimentos dual de sofrimentos e alegria regressavam à medida que comiamos milhas empurrados pelo sol de retaguarda. What a light, what a trip, what a show :)

Ao som de Sweet Home Alabama - Lynyrd Skynyrd

AméricaNuMinuto - The Exit / Primeiros Contactos Afectivos (3 Dezembro 2014) 15º GC

Diamond Creek é um afluente lateral, margem esquerda do Colorado, deve o seu nome a um promontório montanhoso em forma de diamante, Diamond Peak, dentro do vale do Grand. As empresas que operam no GC fizeram um acesso ao rio pelo leito deste afluente. Ou saiamos aqui ou teriamos mais 2 dias de quase "flat water" até ao proximo acesso, no lago formado pela barragem de Hoover, Lake Powell. A PRO, empresa a quem contratatamos os serviços de aluguer de material, encontrou-nos pelas 10.30 da manha, tinhamos flutuado 3 milhas bem cedo para podermos cumprir com a hora marcada. O dia estava nublado e nesta restia de manha tinhamos esperiênciado um pouco do que havia na alma do Colorado, a chuva e a descarga tinham traziam-nos água castanha.
Depois de desmontarmos o material todo, tomamos pequeno almoço à pressa, tiramos a última foto e saímos do vale. No encontro com a Route 66, bem perto de Vegas contactamos com o que resta das poucas tribos que habitaram o vale, a nação Haualapai.
A força da saudade, a distancia e a quase ausência de contacto, durante 15 dias desenvolveu um dos episódios mais curiosos de toda a viagem. À chegada ao hotel, com o advento do wifi, antes sequer do banho, os seres humanos estabelecerem contacto com os seus. Explosão de alegria pelo encontro e pela partilha das vivências. O meu corpo desapertou-se de um cinto invisivivel de sentimentos duais, publiquei fotografias, houve surpresa e espanto, a viagem tinha sido "gigante".
De volta à nossa clássica condição, houve festa, alcool e relativos excessos naquela noite.


Ao som de Fim da Canção - Ornatos Violeta

AméricaNuMinuto - Turnos Nocturnos Para Sobreviver ao Dilúvio (1 Dezembro 2014) 14º GC

Azáfama, granel, e sorrisos. Quase no terminos da trip os remadores de rafts, remaram canoas, e os de canoas rafts. Amarraram-se embarcações e deixamo-nos flutuar mergulhados na alegria. Ainda houve tempo para observarmos nascents termais. Apesar de tudo o dia seria pesado em milhas. A fraca progressão dos primeiros dias obrigava-nos a fazer 45 milhas em 2 dias (65 km). 
Agrafamos a última praia antes de Diamond Creek (onde seriamos "resgatados" no dia seguinte pelas 10 da manhã) e cravamos cerveja ao grupo acampado em frente. 30 horas antes a barragem de Glen Canyon, que controla o caudal do GC, tinha feito uma descarga acima do caudal normal, passaria para o dobro 500 m3, ao prepararmos o acampamento começamos a sentir o volume do rio a subir. Nessa noite a minha equipa de cozinha tentaria inventar algo para jantar do que restava nas arcas portateis. Havia ainda dezenas de pacotes de queijo de barrar. Apesar de tudo conseguimos fazer uma sopa de tomate com ovo escalfado e acompanhamos com o mais próximo possivel de "burritos" com um pouco de tudo. Começara a chover nessa noite e armamos a barraca possivel para jantar.
Tive um sono péssimo nessa noite, virava de um lado, virava do outro, chovia. O duplo teto, colava na camada interna da tenda que por sua vez se colava na minha cara. Lá fora o rio "rugia", o caudal da descarga anunciada agigantou-se com a rara chuva. Abri a tenta e mesmo à minha frente, o gigante contra corrente tinha levado 3 metros da praia de areia, e estava a 2 metros da porta da tenda. A cozinha e outras tendas estavam montadas em leito de possivel cheia. Com um "team work" possivel para aquela hora da noite, com gente a sair em boxers da tenda para salvar barcos, tendas e pertences, enquanto outros continuavam profundamente ressonantes, mobilizamos tudo para o ponto mais seguro da praia e decidimos fazer turnos de vigia até à alvorada, n fosse a água subir ainda mais. O Grand surpreendia-nos, e ofereceria-nos tudo aquilo a que tinhamos direito.

Ao som de Yulunga (Spirit Dance) - Dead Can Dance

AméricaNuMinuto - Manhãs (30 Novembro) 13º GC

De manhã é uma azáfama. Como me deito cedo, acordo bem cedo, ainda nem os primeiros raios de luz rasgam. Os madrugadores vão saindo das tendas, uns direcção rio, esvaziam bexigas, outros descarregam lastros nas casas de banho de campanha. Às 6 da manhã alguns aquecem água para café. Depois que a equipa de pequeno almoço se estabelece, saem ovos e bacon, iogurte e cereais. Tento engolir 1 litro de água quente para forrar o estomago. À volta das mesas metálicas todos apreciam os primeiros raios de luz nas paredes altas como se fosse o primeiro dia. O carregamento dos rafa é feito com inercia, como se todos disfarçadamente esperassem pelo sol para se fazerem à àgua. Arruma-se e desmonta-se toda a cozinha, empacotam-se tendas e cadeiras de camping, a placa da fogueira, arruma-se a cinza restantes (leave no trace), a enfiam-se o resto dos "estrovadores" onde se pode. Tudo é devidamente amarrado aos barcos para que não haja perdas caso haja baldas de rafts. "Last call for Toillet", o Tiago e o Calado desmontam a casa de banho de campanha (toda a caca da expedição é carregada nos rafts de inicio ao fim).
Antes de nos fazermos à água o Taylor faz um pequeno briefing e falamos dos rápidos que aí vêem, de onde de em ser observados, dos "side canyions" que podemos explorar, das milhas que vamos percorrer, e do "site camp" onde vamos desembarcar. Passam os dias, e a "crew" n fala de mais nada, "Lava Falls". Aproxima-se o último dos grandes rápidos do GC. Há nervoso miudinho.
Alguém grita "Grand Canyon" respondem "Siga Caralho" ( um lema de viagem bem português por sinal ), chega o sol, hora de nos fazermos à água. Let's Lava.

Ao som de One too many mornings - The Chemical Brothers

AméricaNuMinuto - O Basalto aparareceu no Horizonte (29 Novembro) 12º GC

Ultrapassamos "Lava Falls" bem cedo. O rápido tem uma pendente enorme para a massa de água que o rio transposta. Ainda assim a 250 m3 revelou-se mais fácil do que imaginavamos. Apesar de tudo e como sempre, não o quis "checar" muito, acelarava-me demasiado o pulso quando mastigava muito as possibilidades de linhas a fazer. Vi, li e pus-me na fila atrás dos "young guns". Teve direito a celebração com Tequilla, mais abaixo na "Celebration beach". 

Na parte final da garganta, lateralmente, ocorreram erupções vulcanicas mais recentemente (milhões de anos). Enormes quantidades de lava fizeram uma represa natural de 4 metros de altura no Colorado, para além disto, a espalhou-se pela garganta a jusante, por mais de 50 milhas. Com o passar dos anos, este basalto foi sendo "lavado" pela água. "Lava Falls" é o que resta deste fenomeno antigo. Durante todo o dia navegamos dentro de paredes de basalto que por sua vez estavam dentro de paredes de xisto e granito primário, estava a terminar a aula de geologia. 
O ambiente começa a ser de descompressão, e há dias aue todos contam os dias em contagem decrescente. A equipa com algumas excepções continua divertida, coesa e "nota-se" muito saudosa, cada um das suas gente. A testosterona acumulada faz a conversa descambar para componentes memos "moralmente respeitosas". 
Entre comentários sobre "carnes" reparo que os cactos variam a cada dia, 7 tipos até agora, sempre de vigia, como os últimos guardiões das falésias.

Ao som de Red Rain - This Mortal Coil

AméricaNuMinuto - Um segunda garganta (28 Novembro 2014) 11º GC

Entre um acordar e outro, giro no Thermarest. O parceiro de tenda, bivacava ao luar. Por vezes a ordo com sonhos de "deboche feminino" ... uma chatisse não haver mulherio ... outras simplesmente pela explosão de água nos retornos do rápido mesmo acima do camp. As mãos continuam a acumular feridas, do ar seco, e de andarem sempre molhadas, infeccionam alternadamente, especialmente na minha vez de lavar a loiça. Mão consigo apertar as mãos, sangram os golpes, e parte de pele erudida nem precisam de estímulo para tal. As unhas agigantam-ee nos dedos, e a areia fina crava-ss no seu sub-solo. Bolas esta areia é mesmo fina, enfia-se em tudo que é material informático. Faz 10 dias que n m vejo ao espelho, e a barba encrava no pescoço.
Admiro os exploradores, os solitários, aqueles os quais, as jornadas passam do calendário das semanas, contadas em meses, anos. De que matéria serão eles feitos ? Estaram eles próximos e fundidos da fisica dos elementos e das leis que regem tudo o que é selvagem ? Se tir-se-iam sós ? Amoleceriam as suas almas com a solidão a viagem e a ausência dos seus ? 
Ao final deste tempo todo aproximo-me deste estado de matéria, sinto-me rocha e água. Capaz de ser transportado vale abaixo infinitamente. Estou pronto. Encaixo. Tudo não passa de uma a abstração da nossa raiz educacional. Repolarizei os terminais. Sintoe aclimatado.
No dia de ontem fizemos 20 milhas sem muita azáfama. A maior dificuldade logo a seguir ao pequeno almoço, "Upset" e depois coi contemplar, 300 metros verticais de garganta, talvez a mais profunda do vale, "... que beleza indescritivel ..." às vezes confortante, outras claustrofobica. A luz faz parte de todo este mundo, constroi sempre em cários graus, e torna a base deste mundo bi-tridimensional. O fenómeno das camadas de rocha que caminham a diferentes velocidades, eludidas pela distancia, nem explico. Os "young guns" (rapaziada mais nova) está com a moral em alta, arriscam linhas difíceis, afirmam-se sem imposição. O Calado, eternamente um jovem com a sua mente positiva, sorri a cada remada, faz parte da sub-espécie dos descobridores. O Benja vocifera ... "já são dias a mais", inqueito, ressaca de tabaco que terminou faz 2 dias. 
Forramos o estõmago com a emanta possivel, bolachas de água e sal, comida de pássaros, e restos de cerais do pequeno almoço, sempre com quantidades astronómica de queijo creme que a PRO achou que deviamos comer diariamente.
Em Havasu Creek (rio da água azul) pensei nos que a elas pertencem, experiêncio uma paragem mais espiritual e sinto falta do Barbosa e do Agustin.
Meia hora antes do camping carrego lenha para a fogueira noctuna. Hoje é a minha equipa que cozinha, arroz de chouriça, verdes e lombo de porco na brasa (espécie de fiambre grosso). O sal acabou faz 2 dias, improvisamos como podemos. 
Ao luar invento melodias na harmonica, o Ricardo escreve linhas para o blog da expedição, o Tiago massacra-nos com medleys de música pimba, e sonha que está no carnaval de Ovar de pandeiro na mão. Quebro o gelo do Marco, está agora mais tranquilo após alguns dias tenso. Via "satellite phone" recebemos notícias do país, "faleceu a duquesa e o Socrates foi preso", seurpreende-nos a primeira.
Nas noites a lua cresce de dia para dia, dá vontade de dormir com ela. Escorrego no colchão, bebo água quente para aconchegar o estõmago, e adormeço à espera das ditas "ninfas". Acordo com fome e escrevo sobre a vida. 

 Ao som de Keith Jarret - Koln Concert - Part I

AméricaNuMinuto - A Carta (27 Novembro 2014) 10º GC

My Dear

Se eu te pudesse mostrar, se te pudesse transportar. Se os meus olhos fossem como um caleidoscópio ... Se tudo aquilo que passei e passo pudesse ser transcrito ... Talvez veria um sorriso gigante, lábios que rasgam a face sem medo de mostrar interiores ... Verias um rio fundo, bem fundo, cruza o mundo deserto, camadas de rochas suaves cortadas à faca, e a cada curva uma nova pintura. O sol está sempre a esconder-se e a mostrar-se, texturiza infinitamente as rochas altas ... Verias que o prazer da expedição facilmente se transforma em sofrimento, por estarmos com os nossos e estarmos sem eles ... Pelos nossos medos endurecidos e pãnicos alternados, pelas roupas que custam a secar, pelos ossos que rangem ao dormir, ao 10º dia cada pagaiada é um movimento automático, "push, push push" ... Banho é um privilégio que n tenho, constipação, águas frias e alguma perguiça empurram-no do meu corpo. À noite o jantar entra apenas parcialmente, suo das mãos. Guardo calorias restantes junto a mim na tenda, e com o acordar de noite para aliviar as dores de pressão, dou uma garfada e obrigo-me a comer.
Apesarde tudo flutuo com o sentimento que n trocaria esta jornada por qualquer tipo de felicidade instantanea, e a cada manha, com os primeiros raios de luz faço-me ao rio e contemplo. Todo este cenário apaga as dores de sentir, fico contigo e ouço-te "contempla".
Fazes falta ...


Ao som de "It is for you" - Pat Metheny

AméricaNuMinuto - Sol Granito e Beijos em Universitárias (26 Novembro 2014) 9º GC

Antes das histórias do rio um apontamento: como pode o ser humano ser tão profundo e elementarmente carnal em tão curto espaço de tempo. Um dia após estabelecer contacto com amores no continente europeu via correio, e sublinho, um contacto sinsero denso e profundo, dou de caras com bonitas estudantes universitárias americanas que caminhavam entre North e South Rim. "Mas o que é isto ???? Deveria ter escrito mais postais ... Será que elas apareceriam em mais quantidade para destabilizar as minhas pagaiadas ? " Enquanto fotografavamos, analizavamos e decidiamos o que fazer com o Granite (uma das muitas dificuldades do ri, naquele que era o mais forte dia de águas bravas de toda a expedição do Grand) ocorreu-me que poderia "sacar" uns beijos de língua daquelas moças rijas em apenas 3 minutos de conversa. Esqueçe tudo o que disseste nos postais, aliás, lembra-te ... não há qualquer incongruência entre verter afectos em correspondência, e querer fazer evaporar de forma simplista desejos mais carnais, havia sempre a desculpa que eram hormonas diferentes que controlavam estes 2 processos, e elas nestes dias pareciam estar de certa forma de costas voltadas. Se efectivei as intenções de me enroscar superficialmente com as jovens americanas, são memórias que entretanto me foram sendo roubadas pelo belo dia de sol que acontecia, e esses acontecimentos ficaram perdidos temporalmente no Grand.
Certo foi, que o dia que era o mais difícil da jornada, com 4 rápidos classe 8 e 3 rápidos classe 7 (os rápidos do Grand são definidos de 1 a 10 onde 1 é um "easy" classe III e 9 um "consistent" classe v) acabou por se tornar um festival de bons feelings, estava sol, e as vibrações da audiência do primeiro rápido do dia arrastaram-se até ao acampamento. Deu ainda tempo para resgatar o Seth que engatou mal uma linha no House Rock, e depois de um banho prongado agrafou a minha corda quando ainda era puxado eddy acima. "thanks Jorge" respondi-lhe " you should have kissed the college girls, it gave us luck" ...
Se bem me lembro era o dia de Acção de Graças, o dia mais familiar e de proximidade para os américas. E houve peru, molhanga, esparregados e cenas endecifraveis que sabiam bem  ... comemos chocolate que alegra o coração ... a noite excepcionalmente estrelada e a lua que crescia de dia para dia eluminaram a encosta frente a frente com o camp, adormeci com a sensação que estavamos a ser guardados por pessoas em forma de cactos ... talvez tivesse bebido muito Chadonnay ... Tinha dado a volta ao mundo num só dia e estava pronto para mais uma assim que os cactos que nos vigiavam fossem dormir !!!!


Ao som de Anywhere I lay my head - Tom Waits

AméricaNuMinuto - Phantom Ranch (25 Novembro 2014) 8º GC

O xisto tinha um encanto especial. Como era negro, no nascer e no por do sol a luz enfatizava ainda mais os mosaicos entre as faces que se viravam ao sol e as que se escondiam dele. Nesta secção, todos os rápidos eram de portagem impossivel, nada do outro mundo, mas a tensão cheirava-se.
Ao final do dia ultrapassariamos Horn Creek Rapid, que deu um banho e uma canoa agrafada num contracorrente dantesco. Felizmente para o calado n houve consequências, apenas sorrisos e algumas chacotas.
A meio do dia tinhamos recarragado forças no único contacto que tivemos com a civilização (ou o mais proximo dela). N que quisessemos esse contacto a todo o custo mas falava-se que de lá era possivel o envio de postais. Existe um trilho mais ou menos a meio dos 300 km de Canyon entre a o planalto norte ( north rim) e o panalto sul (south rim) este trilho cruza o rio numa ponte pedonal (a única em 300 km), e passa numa conjunto de casas de madeira com camping, bar, posto dos rangers, com alguma simples criação de gado. Phanton Ranch. Desde os primórdios da exploração do Grand, rancheiros estabeleceram-se aqui para fazerem as suas vidas prosperar dos aventureiros que desciam o rio e dos aue cruzavam as montanhas a pé ou de mula. Sim, tudo o que ache chegava era carragado durante 2 dias por mulas. Inclusive o lixo que partia. Não resisti a captar o momento de ver a equipa a escrever postais direction portugal, e a comprar snickers que tinham viajado nos lombos de equinos. Quando temos saudades de alguém tanto os actos como os sentimentos ficam exacerbados. E algo me arrastou para ir mais longe nas palavras que verti no correio. Quando palavras e semantica não chegam para exprimir o que sentimos por pessoas, esperamos que elas viagem através da tinta e retrocedam o postal para o momento e exacto em que escrevemos "Amo-vos muito", pois esse estado fisicamente é uma dimensão não mensuravel, que só podia ser sentida por muito naquela mesa e pelos seus lá longe.
E as mulas lá carregaram o peso infinito do sentimento. Nós estavamos de regresso à nossa condição. Cruzadores de nós próprios.
Ao som de Temptation - New Order

sexta-feira, dezembro 12, 2014

AméricaNuMinuto - Com o Vishnu Chist vem o medo (24 Novembro 2014) 7º GC

Ao final do sexto dia de expedição entramos finalmente na secção onde o Colorado crava as suas águas na rocha mãe, dos primórdios da formação da terra. Um xisto muito negro, quartezito e uma espécie de granito misturam-se caoticamente e dão ao Canyon um aspecto cerrado, escuro, encaixado e estreito, e a cada rápido uma dificuldade maior.

Abordamos ainda com o sol de frente "Hance", até agora porção mais "chalenging" do rio. 200 metros de extensão, 10 metros de pendente, o rio precipita-e numa sequência de ondas e buracos de àgua desencontrados, em alguns deles imagino que será uma viagem sem retorno, ou um banho longo, longo. Sento o meu rabo na minha pequena embarcação e o pulso acelarado, acelera ainda mais. Precipito-me rápido abaixo e luto, "bolas de fora parecia mais pequeno e fácil", upss, agarro num buraco, luto, ponho os olhos no final do rápido, cruzo duas ondas quebradas gigantes e estou no contra. Ali fico 10 minutos a recuperar o folego e a beber líquidos. Aproveito e faço filmes dos restantes elementos Tugas, todos passam com sucesso. O Duarte tem na abertura das hostilidades um encontro imediato com um enorme retorno. Este episódio mudaria a sua abordagem em relação ao rio. Passava de um "agressive kayaker" para um "conservative rafter". 
A sequência de rápidos de paragem e observação obrigatória, consome-nos tempo, deixa-nos sem almoço e obriga-nos a refugiar-nos numa pequena praia antes do estipulado, 16 pm já ao cair da noite.
Naquela noite fui incapaz de comer o que quer que fosse. O meu estomago estava demasiado empedernido com o stress da jornada. Coloquei o jantar em pequenas sacos, enchi uma termica de chá e enfie-me na tenda eram 20.30. "Estou carregar uma pequena  faringite" ... enfio um anti-inflamatório. Pela segunda noite seguida sonho eroticamente com belas mulheres nuas e acordo vezes sem conta para conferir se por um acaso qualquer não estarão ao meu lado na tenda. Nada. Rolo o corpo, ponho um pedaço de jantar na boca e tento voltar para a volupia dos sonhos.

Ao som de This Mortal Coil - Fyt

AméricaNuMinuto - O Vento (24 Novembro 2014) 6º GC

O meu sono luta durante um par de horas contra o ruído de pedaços de tenda a esvoaçar com um grrrr de areia pelo meio... Bolas está uma noite ventosa e eu a querer dormir. Afundo de novo na minha valsa ... De repente sou rodado pernas ao ar dentro do meu próprio saco de cama. É um vento enfurecido. Tudo é confusão dentro do meu pequeno refúgio. O Calado, pensei eu. Tinha ficado a dormir fora, ao luar. Abri a tenda como pude, e procurei por ele. Meio coberto de areia da praia continuava a dormir. Um vento forte arrasta areias contra os meus olhos, mas consigo ver o resto do camping, é ainda noite. Ligo o frontal, e tudo é confusão, a cozinha espalhada por 30 metros, duplos tetos de tendas a rodopiar no ar, os kayaks semi-tombados e o meu saiote em parte incerta. Ainda em meias acordo arrasto a minha tenda com quem arrasta um saco e refugio-me por traz de outra tenda. O Calado enfia-se dentro de outro iglo. Os colegas inquietos, tentam reforçar as fundações e encontrar o material espalhado. N havia nada a fazer. Fingi que dormia. Agora era esperar pela manha e ver o resto dos  estragos. 
Como uma maça com areia, aproveito a inspração desta força da natureza e escrevo. Os Deuses dos antigos habitantes testam-nos. Terá sido as tempestades de vento e areia que os fizeram abandonar o vale ?

Quando acordo de manha o vento apesar de mais calmo, mistura areia com cerais. Enquanto o pessoal come o possivel, agarro máquina e tripé e subo 200 metros acima no vale. Bebo os primeiros raios de sol e delicio-me com a imagem o rio que espera pela luz, emparedado entre duas camadas 500 metros acima de rocha macia. O rio seria calmo. Com vento de costas progredimos erraticamente, por entre ondas e spray que lhes era roubado pelo vento. 
À noite eu, Ricardo, Benjamim e o Taylor (na nossa vez de cozinhar) brindamos a equipa com aquela que seria considerada até então o melhor prato da expedição (até nos terem roubado as salsichas uns dias adiante), cogumelos e courgete salteada com vinho tinto e chouriça beirã, arroz de camarão e chouriço e pimentos bem picantes à moda do Ricky, arroz de cenoura com a "beirã" na brasa, salada de espinafres, maça, cenoura, cebola e nozes, e maça cozida com canela e açucar. No meio do nada tudo foi um piteo. Talvez por sorte um dos pacotes de tinto, "Merlot" da Califórnia era uma pistola. 2 copos. Aquece o corpo da parte da frente virado para a fogueira, arrefece da parte de traz e dou comigo a resmungar, "está um gelo de noite, vou ficar doente". Estavamos na Grande Inconformidade, onde passamos de estratos de rocha mais recente para rocha mais antiga, aí o vale alarga drasticamente e somos expostos ao frio que vem do céu. O luar esse é sempre arrebatador.

Ao som de Born Slippy  (Nuss) - Undeworld

AméricaNuMinuto - Uma catedral de 360º - Nankoweap Big Camp (23 Novembro 2014) 5º GC

A noite começou a cair no local mais luminoso do Grand (até ao dia de hoje).
Uns dizem babuseiras à volta da fogueira, outros cosinham. É dia de vegetais. O facto de termos montado o rancho às 3 da tarde permitiu alcançar o trofeu de fotografar o sol a por-se 200 metros mais elevados do leito do rio. Uma das antigas tribos do vale cavou celeiros na rocha para guardar cereais. Incrível.  Para compreender como viveram gentes no centro deste universo, temos que aceitar que apesar do profundo encaixe é uma enorme massa de água, que corre numa imensidão de terreno seco. Daí a sua riqueza para os antigos. Desapareceram misteriosamente do vale no final do século XII, provavelmente devido a uma cheia terrível e súbita que dizimou plantações.

200 metros de parede aprisionam-nos amigavelmente, 360º.
Os detritos rochosos deixados pelo afluente, formam um rápido suave que com o seu gigante contracorrente criou uma praia enorme. A malta aproveitou o sol e foram a banhos.
À noite as tendas espraiaram-se pelo areal, n perdi muito tempo a encontrar o meu lugar, encostei-me à fogueira. Só preciso de dar 2 cambalhotas depois do Wiskey (Bourbon, uma espécie de Whikey destilado de milho, tradicional das Apalaches) e estou no meu saco de cama.
Hoje partilhei a minha jornada de forma mais próxima com o Seth. 10 milhas, carreguei o meu kayak no raft, e ofereci braço para remar.
Continuo fascinado com a forma como as paredes das várias camadas do Canyon se cruzam umas com as outras ao nosso movimento. Umas cá, outras distantes, outras impossiveis de alcançar. Redwall Limestone, a minha parceira de tenda.
Deito um olho ao céu e esta parede emmoldura a via lactea que nunca esteve tão próxima.

Ao som de Abertura - Bodas e Figaro - Mozart

AméricaNuMinuto - A Gruta e a Geologia do Vale (22 Novembro 2014) 4º GC

Para entender esta maravilha da geologia tive que ler, pelo menos os mínimos sobre a origem do que me rodeava. Com a possibilidade de algumas gralhas cientificas e sem qualquer tipo de presunção, o Grand Canyon é cavado pela passagem do Rio Colorado, rio de grande caudal alimentado essencialmente pela parte central das montanhas rochosas que drena para o sudoeste americano e termina no Mar de Cortez entre o México e a Baja California. O que torna este local mágico são as caracteristicas específicas das rochas que as facas da água cortaram. Para o perceber tive que ir às origens da terra. Aquando da formação do planeta terra, formaram-se depois do arrefecimento inicial, aquilo a que chamamos de rochas mães, granito, xisto etc e tal. Após este fenómeno, uma era de massivas erupções vulcãnicas expeliu gases e vapor de água em quantidades suficientes para se formar a atmosfera, chover como se não houvesse amanha, e daí se formarem os oceanos. Apartir deste ponto, começaram a formar-se no fundo dos oceanos camadas de sedimentos para ele levados por rios, extinções de animais em massa, depositos de plantas etc. Com o contar dos segundos da vida da terra, e com o movimento das placas tectónicas da terra, parte destas zonas vieram à superficie bem cedo e assim permaneceram até aos dias de hoje. O facto de serem precoces nesse afloramento, ou o facto de nunca terem estado sujeitas a depositos de sedimentos, fez destas zonas do planeta terras antigas, onde todos os vestígios de camadas seximentares foram lavados e arrastados de novo para o mar (o norte de Portugal é disso um exemplo, onde o granito abunda). Outras zonas houve onde este afloramento aconteceu mais tardiamente o que tornou essa erosão mais lenta e conservou os solos sedimentares. A ajudar, o planalto precisou-se em altitude (2000 metros) protegido da pluviosidade do pacífico pela Sierra Madre californiana, o que tornou a erosão ainda mais incipiente. Ficou então à mercê principalmente do Rio Colorado, que rasgou com facilidade estes substratos de rocha macia até à rocha mãe, o Vishnu Xist e o Quartzite Granite. Cada camada de sedimento representa uma era com um acontecimento particular, diferente, o que torna as camadas únicas em altura, dureza e cor. 
Era um "high light". Naquela manha entramos numa das mais espantosas camadas do Grand, a Rewall Limestone. A parede agigantava-se minuto a minuto até atingir 200 metros de altura no seu expoente. Era uma zona onde o rio era estreito. A sinfonia da água, encontrou a transição desta camada para uma mais macia, numa curva bem apertada. Em caudais grandes, a inércia das águas cavou sedimentos na base desta parede, e formou uma enorme gruta. Estendia-se ... 100 metros de fundo por 100 de largo, e 10 de altura, com um chão forrado de um enorme areal. Jogamos com a luz e a falta dela e fotografamos para a posterioridade. Os capacetes no ar ficaram impressos na parede adjacente como uma marca eterna, a quimíco, e os 16 animaram a gruta a preto e branco.  Era um espaço protegido e de acampamento proibido. O local era de tal forma especial que nos cruzamos na gruta com uma expedição de rafters que tinha acampado dia anterior 1 milha cima e acamparia naquela noite 1 milha abaixo, tirando o máximo partido daquela pintura. Como estávamos a fazer o Grand em tempo limitado (14 dias para um normal de 25) usufruimos o que podemos e flutuamos ainda com as mentes naquelas paredes até ao proximo "camp site". 


 Ao som de Deep Blue Day - Brian Eno

AméricaNuMinuto - The Roaring Twenties (21 Novembro 2014) 3º GC

Escrevo no meio do Atlântico. Nem sempre foi fácil durante a flutuação encontrar o tempo certo e a onda apropriada para fundir a minha linguagem com a paisagem. Apesar de tudo, tão pouco é mais fácil na viagem de regresso à Europa encarnar o espirito diário vivido entre aquelas duas paredes. Mando duas garrafinhas de "Vinhas del Duero" goela abaixo, fecho os olhos o busco o tele-transporte.
Na manha daquele segundo dia descida, acordamos entalados. Tinhamos escolhido um camping pequeno emparedado. Mal era manhã e experimentava a luz a reflectir nas primeiras camadas do planalto, ainda surpreso, o sol adquiria ali uma alma própria distinta daquela que conhecia, as camadas laranjas e amareladas incentivavam-no a ser ainda mais sol, perdia-se e encontravasse nos múltiplos reflexos que o encaminhavam até nós ... (ainda hoje procuro descrever esse sentimento mas em vão) 
Naquele dia houve um sentimento de estarmos no nosso habitat. Os chamados "Roaring Twenties" ofereciam ums serie de rápidos nem muito fáceis nem muito dificeis, quanto bastasse para dar conforto à equipa. Coreografamos, ora uns ora outros à frente, com sorrisos de espanto, enebriados com o efeito surpresa de cada curva.
Os rafts vinham sempre ao sabor da corrente (6 a 7 km/hora), de nada adiantava carregar nos remos. Cada raft pesava 600 kg. Com o condutor ao centro, sentava-se em cima de um "frigo" uma espécie de arca frigorifica, obviamente sem ligação de electricidade, meia de gelo, para aguentar os 14 dias. As arcas transportavam verdes, lácteos, congelados de carne, etc. À frente e a traz do "rower" uma caixa metálica, com cargas diversas, transportavam mesas e material de cozinha, gaz propano, cerveja, muita cerveja, enlatados. Havia um barco com caixas matálicas, para dejectos humanos. Lado direito e esquerdo da parte central dos barcos, caixas estanques, transportavam pão, cereais, snacks, doces. Havia depois utilitários, papel higiénico, pequenos sacos estanques, para o que fosse preciso, etc e tal. Cada um tinha direito a uma pequena caixa estanque para transportar pertences e comidas de rápido acesso. Havia um kit de reparação de barcos, uma caixa com condimentos de cozinha, 4 estojos de primeiros socorros, e uma placa metálica para fazer fogueira sem deixar rasto. Os barcos transportavam ainda todo o nosso material seco, tendas, cadeiras de campismo, material electrónico, etc e tal.
Ao terceiro dia a máquina de distribuição de tarefas ainda rangia e procurava ser oleada. Havia 3 equipas de cozinha de 4 elementos cada, cozinham e lavavam à vez, havia uma equipa de 2 elementos para a secção da água, desinfectavam água, preparavam água para a cozinha, depois havia a equipa da "toillet", também uma dupla, montavam e desmontavam a casa de banho de campanha. Na chegada às praias todos ajudavam a descarregar o material e de manha na saida ao carregar igual ritual.
Estipulamos remar 30 km diários (20 milhas), 5 horas na água, com uma pequena interrupção para um almoço volante. Se desse tempo durante essa paragem caminhavamos em perpendicular, na descoberta de "side canyons". 
É claro que nem tudo correu dentro do planeado, esta era uma viagem nova para todos, adapações, cedências e aldrabices teriam que ser feitas …

Ao som de Bjork and Massive Attack - New World

quarta-feira, dezembro 10, 2014

AméricaNuMinuto - 30 minutos didáticos e um caos primario na cozinha (20 de Novembro 2014) 2º GC

AméricaNuMinuto - 30 minutos didáticos e um caos primario na cozinha


Acampar mesmo no topo do planalto foi uma experiência fria. Noite dentro fizeram provavelmente uns 10 graus negativos. Tremi dentro do meu saco de cama e e revesti-me uma série de vezes à procura de conforto. A noite tinha-me posto à prova com o frio, a manha ofereceu-me um nascer do sol arrebatador nas  Vermillion Clifs (o ponto mais alto do planalto primário do Gand. Naquela manha fizemos um breifing com  Ranger do parque (uma sessentona simpática com raizes indias). Depois de checar o material de segurança todo, deu-nos algumas informações e regras para a odisseia. O parque é visitado por 5 milhoes de pessoas por ano, e o Rio Colorado é descido por 30000 por ano em raft motorizado, raf a remo e kayak. Como corre num vale extremamente seco, onde a chuva é rara, qualquer agressão humana tende a perpetuar-se até a natureza repor o original. Corvos, condores, ratos, cascaveis, escorpiões, gatos selvagens, veados, todos estes animais pertenciam ao vale, alguns já habituados à presença humana, teriamos que saber que estariam a nosso lado nos acampamentos, como protegê-los e como nos proteger. Falou-nos um pouco de segurança, da única forma de comunicarmos com o exterior (telefone satélite), e do nosso melhor amigo no Grand o colete
salva-vidas.
Abrimos cerveja, gritamos Grand Canyon - Siga ca#^^{!ho e flutuamos vale abaixo. 
4 rafts e 12 kayaks. Uma equipa multinacional. O Giovani, avolta dos trinta a trabalhar para a Booking.com na Holanda, um italiano que tinha feito erasmus um par de anos atraz em Portugal, conheceu na altura a comunidade das águas bravas e a empatia foi mutua, fez amigos portugueses para a vida. Carbonell, que nos conheceu nas suas viagens em Portugal para remar, e que muita vezes se cruzava connosco nos Pirineus, tem uma empresa de actividades outdoor nas montanhas à volta de Alicante. Os 2 norte-americanos, o Taylor, que é responsavel pela secção outdoor da universidade de Clemson, Carolina do Sul (guiava um raft) e que tinha 2 filhos encantadores; e havia ainda o Seth, talvez o mais reservado dos seres da turma, responsavel pelos programas outdoor da cidade de Raleigh. A representar a turma portuguesa tinhamos, o Duarte (já largamente apresentado), Octávio Canhão, gerente de uma empresa de rafting em Portugal e promotor de eventos (guiaria outro raft); Rui Calado, que reuniu toda a equipa e que se candidatou ao concurso por vagas não comerciais para descer o Grand, um espécie de pai de todos os jovens canoistas actuais, largamente experimentado, perto dos 50, escreveu o guia Portugal Kayak, e orienta uma loja de material de águas bravas em Aveiro; Ivan, brasileiro de origens colombianas, que veio para portugal trabalhar como dentista, mas que já trazia algumas "skills" de canoista do Brazil; Matinhas, engenheiro civil de profissão, habituado a obras em países de risco, nascido e criado em Nespreira, um vale lateral ao paiva onde deu as primeiras pagaiadas; Marco, funcionário da Refer, promotor da "filosofia" Curte a Vida, que iniciou a sua experiência no kayak mar; Inverno, presidente do Clube de Canoagem e Águas Bravas de Portugal, engenheiro que partinha o sei tempo entre a família e o activismo no clube e o lazer no kayak; Benjamim, engenheiro civíl, com 20 anos de experiencia de canoita, mulher e 2 filhos, um "tio" dentro da comunidade kayaker em Portugal; Tiago, bem humorado condutor de camionet, natural de Pedorido, Castelo de Paiva, e o mais novo do grupo, pelos 24 anos; Bica, rapaz de pequeno porte e remada sólida, faz frabalhos verticais e de tmperamento calmo; Daniel, engenheiro aveirense, da turma do CCABP; e eu, Jorge Rabiço, sempre impelido para o desconhecido por uma força que me descola do comforto confirmado, e me atira para a provação diária.
Em 14 dias, e após 270 km, esperamos sair sãos, um pouco mais velhos e com a nossa união reforçado. Estavamos por nossa conta.

Ao som de Thirty-three - Smashing Pumpkins

AméricaNuMinuto - Bem vindo á casa das paredes laranjas (19 de Novembro 2014) 1ºGC

Para tornar a expedição mais fácil, mesmo na parte logística, o Rui Calado, contratou uma empresa local, que nos providenciou, rafts completamente equipados com todo o o tipo comodidades campísticas. Cozinha de campismo, comida para 14 dias, primeiros socorros, filtro e purificador de àgua, "cagadeira" especial, para não deixarmos nada no ecossistema frágil do Canyon. Adicionalmente tendas, cadeiras de campanha, sacos cama colconhetes, roupa extra entre outros seria adicionado por nós à restante tralha dos barcos. Teriamos que ficar autónomos durante 14 dias, apenas um gps nos ligaria à civilização. Tivemos um pequeno briefing matinal e partimos 2 horas de estrada em direcção a Norte.

Cruzamos terras de índios Navajos, uma nação dentro de um estado, com as suas proprias leis. Fiquei sem saber se eram "ancestralmente" da região ou se tinham sido forçados a deslocarem-se. O que é certo é que, como n tinham gandes direitos sobre a água do Colorado, n podiam ter grande regadio, e com uma agricultura practicamente inesistente, viviam pobres, do que vendiam a turistas, incluido taxas por atravassar as suas terras.
A nossa aproximação ao Grand foi de cortar a respiração. À medida que rumavamos para sul, esbarramo-nos com uma parede imponente da margem Noroeste do Colorado, a primeira banda a ser rasgada neste rio, Vermillion Clifs. Senti que estava a chegar a um mundo aparte, onde tudo o que julguei ser grande em termos do que já tinha remado, se resumia a coisas vulgares. O Canyon no final da tarde começa o seu mecanismo de atração e dominancia. O por do sol acentuava o vermelho da rocha. Eu começo a perceber que seria importante um pouco de geologia na minha sacola, teria 14 dias de aulas dadas pelo vale, estrato após estrato após estracto. 
A equipa cruzou a antiga ponte dos Navajos, possou para a fotografia, e soube pela primeira vez o que iria ser acampar 14 dias. Acentamos arraiais na entrada do rio um spot chamado Lees Ferry e tive muito frio de noite. O vento. Estavam -5 graus. O colchonete do colega de tenda deu sinais de estragos na primeira noite em camping…
Mas o Calado é a pessoa mais positiva que conheço e acordou como se nada fosse, estava no seu habitat natural…

Ao som de Tomorrow Never Knows - The Beatles

AméricaNuMinuto - Aclimatações e provas de cerveja ! (18 Novembro 2014)

O hotel em Flagstaff, era coisa pequena. 2 andares. Quartos com ligação directa para o estacionamento. Ficamos 4 por quarto. De manha tinhamos direito a pequenos almoço à americana. O malta que voou por Pheonix, tinha madrugado, causa do jetlag, e reunimo-nos todos pela primeira vez, bacon, ovos, panquecas, waffles, aveias várias, e aqueles cafés bem brandinhos. Típicos.

De manha fizemos compras de última hora, o Benja aproveitou e comprou um fato seco, sempre melhor que os impermeaveis saca plástica. No grande n convinha fraquejar, 14 dias de águas frias. Durante a tarde comprei Jon Krakeuer. No ano anterior no Nepal tinha lido "Into thin air" de uma penada. Estava curioso com a história dos Mormons que ele tinha escrito.
Estes dois dias em Flagstaff serviram para a equipa se intrusar. Distrubuimos kayaks, e contamos aquelas histórias à portuguesa, só para nos rirmos uns dos, e com os outros. O Taylor responsavel pela secção de outdoor da faculdade de Clemson tinha tido a cortesia de nos facultar embarcações. Fizemos uma reunião para falarmos um pouco de partilha de responsabilidades. Uns orientavam a expedição campings, e rápidos, outros primeiros socorros, outros havia que nos introduziam à necessidade de manter este local sem rasto da passagem de humanos, selvagem. A equipa respondeu bem, atenta,  sem grande granel, respeitaram as hierarquias.
Tempo de jantarmos numa especialidade local, uma cervejarias com 4 tipos de cerveja caseira, que acompanhava bem com ... hamburgeres e bifes à moda do Texas.
Apressei-me para o hotel, em altitude no deserto corre um vento seco, e após o sol se pôr, as temperaturas baixam bem abaixo de zero.
Embrulho-me no meu saco de cama e entre publicações apressadas de fotografias, chamadas via skipe para os meus, adormeço de novo bem cedo.
Repetiam-se os dias em Flagstaff, queria arrastar-me dali pra fora e enfiar-me no Canyon.

Ao son de Children of the Sun - Dead Can Dance

quinta-feira, dezembro 04, 2014

AméricaNuMinuto - Slow down desert (17 Novembro 2014)

Pela segunda noite encolhia-me no banco de trás da V6 do Taylor. O ar seco e frio do Novo México tornavam a sofagem incuerente. No máximo dáva-me conforto e queimava o que se sentavam nos bancos da frente. Tudo que fosse abaixo disso fazia-me sonhar com banhos de água gelada, e por isso a negociação foi sempre difícil. Naquela noite poupamos as articulações e o cérebro enxarcado de café e ficamos hospedados com 6 horas de sono num pequeno hotel de estrada, lado a lado com a mítica 66.
Sem conseguir fugir à panaquecas ao wafles e aos ovos (o que é potencialmente nocivo para a acumulação interior de ar), voltamos a subir para o planalto das rochosas,e entramos em terra de índios. O estado do Arizona é amplamente povoado por reservas indias. A maioria delas locais de raizes ancestrais, outras (desconhecia eu) e provavelmente a maioria, depois de dizimadas pelos colonos, foram forçadas a abandonar as suas terras ferteis no centro e este dos EUA, e obrigados a caminhar durante meses em direcção a oeste onde lhes deram vastas estensões de deserto de altitude e terras de agricultura impraticavel. Havia há 400 anos milhões de índios no pais, hoje estão confinados a pequenas reservas, a maioria deslocados, e vivem da venda de souvenirs, vendem fotografias lado a lado com os chefes indios. Houve tribos que se recusaram a esta imposição, caso dos moicanos e dos cherokees, q se aguentaram até à última gota de sangue nas Apalaches.
Depois desta aula da "people history of américa' pelo Morais, visitamos uma área conhecida pela sua floresta petrificada. Muitas eras atrás arvores foram sendo arrastadas por um rio existente. Devido a um processo de pressão e depósito de sedimentos o que era matéria organica transformou-se em matéria mineral formando "pedra".
O planalto do Arizona é especialmente rico geologicamente pois durante milhões de anos modou a sua configuração de região montanhosa, oceano, lago, pantano etc, devido às variações das placas tectónicas. Hoje o rio colorado faz o papel de paleogeologo e cortou todas estas camadas na vertical mostrando a idade da terra.
Chegados a Flagstaff, instalamos o material no hotel e demos um giro pela cidade. Funciona como cidade apoio do Parque Nacional do Gand Canyon o que lhe dá um charme particular. Pululam grupos de "expedicioniers" misturados com juventude uiversitária. No centro da cidade passa uma linha de caminho de ferro que liga a costa oeste ao centro do pais. Meia em meia hora composições de 2 km, 150 carruagens cada uma com 2 contentores, cruzam lentamente o planalto. "It's China invading América" diz o Taylor no seu sotaque sulista.
Ao por do sol refugiei-me no meu saco de cama a fazer publicações e a partilhar as novidades. O Calado e o Duartetinham ido já ali a Pheonix agrafar o resto da equipa que chegavam de Itália de Espanha e de Portugal. Pheonix à escala americana era já ali, a três horas de Flagstaff.
Adormeci e apercebi-me que tinha bebido 3 litros de água numa tarde, a minha pele descascava instantaneamente, o nariz e a garganta, secaram durante a noite, estava provavelmente a experimentar o ar mais seco que algum dia respirava. No planalto se o do Arizona acima dos 2000 metros, a humidade era quase 0. E a chuva raramente mostrava a sua cara. Teria 2 dias para me adaptar.
Ao som de High and Dry - Radiohead