No dia anterior tudo tinha sido estranho para mim. Navegar o Futaleufu não dá para explicar. Força, peso, pendente, o rio tem tudo. Acabei o dia a confraternizar com o reino dos guias de kayak e rafting, que escolhem o Fu para passar o Verão na esperança de trabalho. A crise mundial e o vulcão das proximidades tornavam dificil a chegada de seres humanos a este local, à procura do melhor rafting, mas os guias free-lancer continuavam a chegar, e por cá ficavam. Havia algo naquelas montanhas que funcionava como um iman. Parecia que ali era o inicio e o fim das suas viagens espirituais.
Naquele dia desci com uma data de compinnhas o Rio Azul. Azul, nome que lhe tinha sido dado pela cor da água, mas que, desde Abril de 2008 quando o Vulcão Chaiten erupcionou passou a ser cinza. Os habitantes de Futaleufu falaram-me em 3 dias de noite permanente na vila, a coluna de cinza elevou-se a 10 km de altitude. O Rio Azul, ainda hoje, quase um ano depois, lava as cinzas, que continuam numa dança permanente, e ao som do vento constante no quotidiano da vida do vale.
Vento Patagónico levanta a cinza vulcânica
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