segunda-feira, dezembro 15, 2014

AméricaNuMinuto - On the Road to Rockies (4 de Dezembro)

O dia chegou molhado e frio. Nevava mesmo ao lado de Flagstaff, na montanha mais alta do Arizona. Abriam as estancias de ski. Ainda "azueirados" da pesada noite de despedida, arrumamos malas e sacos. Era "mandatório" abandonar o hotel antes das 12.00 para pouparmos o cartão de crédito. A rapaziada fez-se ao centro da cidade, alugaram carros para se deslocarem até Pheonix o de iam apanhar o avião no dia seguinte. Fiquei no "lodge" do pseudohotel a enebriar o muito com algumas fotografias do Grand. Encaixei algumas moedas de 1/4 de dollar na máquina e lavei a roupa de 14 dias de "podridão". Aproveitei e coloquei inclusivé a roupa de rio na máquina de secar. O hotel esta a semi-vazio, a sala de pequenos almoços estava decorada com cartazes e publicidade à antiga Road 66 (Chicago-Los Angeles), de quando em onde posteres do Elvis, Waine e Brando e James Dean, apareciam entre outras temáticas. O vazio da sala, o amontuado de sacos de viagem e os carros e comboios e e carros e cruzavam os meios olhos ininterruptamente trouxeram-me uma sensação de vazio e partida. Tudo o que tinhamos vivído, tinha terminado para recomeçar de novo nos nossos imaginários. Tempo de desconjuntar para re-conjuntar adiante. 
Despedi-me do pessoal que habitavam numa pizzaria com blhar, já regados a cerveja, prometemos um Laboreiro (com o Dan a abrir, tinha crescido muito durante a expedição) caso não chovesse muito quando chegassemos à terra de navegantes. 
Planeamos regressar via Estado do Colorado, e traçamos azimute para Durango, na base das Rocky Mountains.
A chuva abria enquanto migravamos, mas as nuvens que ficaram permitiam uma experiência de excepção, com o sol tardeiro a reflectir-lhes várias cores, e os infinitos extractos de terras a darem formas e sombras e vida ao planalto do Arizona. O Grand vinha atrelado, estava em toda a parte, e os sentimentos dual de sofrimentos e alegria regressavam à medida que comiamos milhas empurrados pelo sol de retaguarda. What a light, what a trip, what a show :)

Ao som de Sweet Home Alabama - Lynyrd Skynyrd

AméricaNuMinuto - The Exit / Primeiros Contactos Afectivos (3 Dezembro 2014) 15º GC

Diamond Creek é um afluente lateral, margem esquerda do Colorado, deve o seu nome a um promontório montanhoso em forma de diamante, Diamond Peak, dentro do vale do Grand. As empresas que operam no GC fizeram um acesso ao rio pelo leito deste afluente. Ou saiamos aqui ou teriamos mais 2 dias de quase "flat water" até ao proximo acesso, no lago formado pela barragem de Hoover, Lake Powell. A PRO, empresa a quem contratatamos os serviços de aluguer de material, encontrou-nos pelas 10.30 da manha, tinhamos flutuado 3 milhas bem cedo para podermos cumprir com a hora marcada. O dia estava nublado e nesta restia de manha tinhamos esperiênciado um pouco do que havia na alma do Colorado, a chuva e a descarga tinham traziam-nos água castanha.
Depois de desmontarmos o material todo, tomamos pequeno almoço à pressa, tiramos a última foto e saímos do vale. No encontro com a Route 66, bem perto de Vegas contactamos com o que resta das poucas tribos que habitaram o vale, a nação Haualapai.
A força da saudade, a distancia e a quase ausência de contacto, durante 15 dias desenvolveu um dos episódios mais curiosos de toda a viagem. À chegada ao hotel, com o advento do wifi, antes sequer do banho, os seres humanos estabelecerem contacto com os seus. Explosão de alegria pelo encontro e pela partilha das vivências. O meu corpo desapertou-se de um cinto invisivivel de sentimentos duais, publiquei fotografias, houve surpresa e espanto, a viagem tinha sido "gigante".
De volta à nossa clássica condição, houve festa, alcool e relativos excessos naquela noite.


Ao som de Fim da Canção - Ornatos Violeta

AméricaNuMinuto - Turnos Nocturnos Para Sobreviver ao Dilúvio (1 Dezembro 2014) 14º GC

Azáfama, granel, e sorrisos. Quase no terminos da trip os remadores de rafts, remaram canoas, e os de canoas rafts. Amarraram-se embarcações e deixamo-nos flutuar mergulhados na alegria. Ainda houve tempo para observarmos nascents termais. Apesar de tudo o dia seria pesado em milhas. A fraca progressão dos primeiros dias obrigava-nos a fazer 45 milhas em 2 dias (65 km). 
Agrafamos a última praia antes de Diamond Creek (onde seriamos "resgatados" no dia seguinte pelas 10 da manhã) e cravamos cerveja ao grupo acampado em frente. 30 horas antes a barragem de Glen Canyon, que controla o caudal do GC, tinha feito uma descarga acima do caudal normal, passaria para o dobro 500 m3, ao prepararmos o acampamento começamos a sentir o volume do rio a subir. Nessa noite a minha equipa de cozinha tentaria inventar algo para jantar do que restava nas arcas portateis. Havia ainda dezenas de pacotes de queijo de barrar. Apesar de tudo conseguimos fazer uma sopa de tomate com ovo escalfado e acompanhamos com o mais próximo possivel de "burritos" com um pouco de tudo. Começara a chover nessa noite e armamos a barraca possivel para jantar.
Tive um sono péssimo nessa noite, virava de um lado, virava do outro, chovia. O duplo teto, colava na camada interna da tenda que por sua vez se colava na minha cara. Lá fora o rio "rugia", o caudal da descarga anunciada agigantou-se com a rara chuva. Abri a tenta e mesmo à minha frente, o gigante contra corrente tinha levado 3 metros da praia de areia, e estava a 2 metros da porta da tenda. A cozinha e outras tendas estavam montadas em leito de possivel cheia. Com um "team work" possivel para aquela hora da noite, com gente a sair em boxers da tenda para salvar barcos, tendas e pertences, enquanto outros continuavam profundamente ressonantes, mobilizamos tudo para o ponto mais seguro da praia e decidimos fazer turnos de vigia até à alvorada, n fosse a água subir ainda mais. O Grand surpreendia-nos, e ofereceria-nos tudo aquilo a que tinhamos direito.

Ao som de Yulunga (Spirit Dance) - Dead Can Dance

AméricaNuMinuto - Manhãs (30 Novembro) 13º GC

De manhã é uma azáfama. Como me deito cedo, acordo bem cedo, ainda nem os primeiros raios de luz rasgam. Os madrugadores vão saindo das tendas, uns direcção rio, esvaziam bexigas, outros descarregam lastros nas casas de banho de campanha. Às 6 da manhã alguns aquecem água para café. Depois que a equipa de pequeno almoço se estabelece, saem ovos e bacon, iogurte e cereais. Tento engolir 1 litro de água quente para forrar o estomago. À volta das mesas metálicas todos apreciam os primeiros raios de luz nas paredes altas como se fosse o primeiro dia. O carregamento dos rafa é feito com inercia, como se todos disfarçadamente esperassem pelo sol para se fazerem à àgua. Arruma-se e desmonta-se toda a cozinha, empacotam-se tendas e cadeiras de camping, a placa da fogueira, arruma-se a cinza restantes (leave no trace), a enfiam-se o resto dos "estrovadores" onde se pode. Tudo é devidamente amarrado aos barcos para que não haja perdas caso haja baldas de rafts. "Last call for Toillet", o Tiago e o Calado desmontam a casa de banho de campanha (toda a caca da expedição é carregada nos rafts de inicio ao fim).
Antes de nos fazermos à água o Taylor faz um pequeno briefing e falamos dos rápidos que aí vêem, de onde de em ser observados, dos "side canyions" que podemos explorar, das milhas que vamos percorrer, e do "site camp" onde vamos desembarcar. Passam os dias, e a "crew" n fala de mais nada, "Lava Falls". Aproxima-se o último dos grandes rápidos do GC. Há nervoso miudinho.
Alguém grita "Grand Canyon" respondem "Siga Caralho" ( um lema de viagem bem português por sinal ), chega o sol, hora de nos fazermos à água. Let's Lava.

Ao som de One too many mornings - The Chemical Brothers

AméricaNuMinuto - O Basalto aparareceu no Horizonte (29 Novembro) 12º GC

Ultrapassamos "Lava Falls" bem cedo. O rápido tem uma pendente enorme para a massa de água que o rio transposta. Ainda assim a 250 m3 revelou-se mais fácil do que imaginavamos. Apesar de tudo e como sempre, não o quis "checar" muito, acelarava-me demasiado o pulso quando mastigava muito as possibilidades de linhas a fazer. Vi, li e pus-me na fila atrás dos "young guns". Teve direito a celebração com Tequilla, mais abaixo na "Celebration beach". 

Na parte final da garganta, lateralmente, ocorreram erupções vulcanicas mais recentemente (milhões de anos). Enormes quantidades de lava fizeram uma represa natural de 4 metros de altura no Colorado, para além disto, a espalhou-se pela garganta a jusante, por mais de 50 milhas. Com o passar dos anos, este basalto foi sendo "lavado" pela água. "Lava Falls" é o que resta deste fenomeno antigo. Durante todo o dia navegamos dentro de paredes de basalto que por sua vez estavam dentro de paredes de xisto e granito primário, estava a terminar a aula de geologia. 
O ambiente começa a ser de descompressão, e há dias aue todos contam os dias em contagem decrescente. A equipa com algumas excepções continua divertida, coesa e "nota-se" muito saudosa, cada um das suas gente. A testosterona acumulada faz a conversa descambar para componentes memos "moralmente respeitosas". 
Entre comentários sobre "carnes" reparo que os cactos variam a cada dia, 7 tipos até agora, sempre de vigia, como os últimos guardiões das falésias.

Ao som de Red Rain - This Mortal Coil