Mais um dia no vale. Mais uma nova companhia para remar. Gente chega e gente vai. O vale é sempre o mesmo. Mais uma descida tensa e despreocupada. Mais uma injecção de endorfinas, e mais umas horas de fim de dia a pensar na vida, rodeado por verde. Mais uma noite na cabana onde dormi durante os dias no Futa. Estrado, colchão e saco de cama, rodeado de bamboos, e o som reconfortante do rio a 10 metros, a lavar todos maus pensamentos e a abrir as comportas da mente para a nova vida do dia seguinte, para a nova casa que será a próxima jornada. Mais um pequeno almoço, uma conversa, um sorriso, mais um pouco da cultura daquelas gentes.
Luis Toro Mundaka herdou aquelas terras dos seus avós. Diz-me que o avô, descendente de espanhois, quando veio do norte do Chile para colonizar aquelas terras disse: "Entre aquele morro, aquela fraga e o Rio Futaleufu é agora meu". Registou e cultivou aquelas terras. Assim se fazia ainda à 50 anos na Patagónia, como no velho oeste americano. Como o avô e o pai, Luis sempre soube que a sua vocação seria criar gado de carne para vender em Puerto Montt e por outras paragens. No início dos anos 90 um "gringo" (EUA) "descobre" as potencialidades do rio Futaleufu para a prática de rafting comercial, e aí começa a jornada da divulgação daquele lugar. Durante as primeiras descidas há mortos, feridos e barcos desaparecidos, são dados os nomes a todos os rápidos, chegam as primeiras empresas e os primeiros guias profissionais. Luis ajuda este pioneiro, com comida, bens e disponibilizando as suas viaturas. Mais tarde em final dos anos 90 cria a sua próprias empresa e organiza as suas proprias descidas. A descoberta do potencial comercial deste rio veio mudar muito a economia do vale. Agora o turismo e o desporto-aventura representam 50 % da economia da região. Luis e Nidea continuam a fazer do gado o seu principal sustento. O camping, o raft, as cavalgadas e as outras actividades representam o restante. Luis e o seu filho continuam a caçar javali, com a ajuda dos "dogs argentinos", mas sem arma de fogo, apenas com faca. A vida no vale segue o seu caminho, quer cheguem os "gringos" quer não, tal como segue o rio, subindo e descendo de nível consoante as estações, a neve, as chuvas ou o tempo seco.
terça-feira, janeiro 27, 2009
Dia 17 - "Família Mundaka e o Camping Cara del Indio"
A cara do indio no granito do leito do rio deu o nome às terras dos Mundaka
4 noites de bom sono numa das cabanas do camping
Vê mais fotos no blog da expedição !
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