Depois de ter sido um vagabundo em Punta Arenas, como muito dos marinheiros quinhentistas foram, por esse novo mundo fora, pernoitei em Puerto Natales. A vila é a base para a visita do Parque Nacional Torres del Paine. A economia vive dos milhares de "trekers" que se aventuram naquelas montanhas, por isso não estranha que existam mais de 100 "hostels", sendo mesmo assim dificil encontrar uma cama vaga para dormir. O parque tem 2 percursos, o famoso "w", 100 km de trilhos, e a passagem por três vales distintos, e o circuito completo, com 180 km, circundando por completo todo o parque. Como estava limitado no tempo, o objectivo era fazer o "w" em apenas 3 dias. Para tal não carreguei comigo toda a parafernalia necessária para acampar, tenda e colchão, fui leve, apenas com comida e saco de cama, e pernoitei nos refúgios.
Após duas horas de "camineta" entrei no parque pelas 10 da manha. Subi o Vale Escondido, ao som das águas turbulentas, que lavavam a rocha sedimentar. Pelas 4 da tarde cheguei à base das torres. 3 horas de contemplação. As torres são arrebatadoras. O geologo sueco Nordenskjold no final do século XIX, debrussou-se intensamente sobre o que terá acontecido neste maciço. Parece que rocha sedimentar do periodo Cretácio (há 100 milhoes de anos) foi elevada por uma injecção de magma no Mioceno (há 10 milhoes de anos). Após arrefecer, o magma tornou-se granito com forma cónica. Depois deste fenomeno geológico, os glaciares fizeram a restante erosão. Formaram-se vales em "U", e a rocha sedimentar foi removida até ficar o granito a descoberto.
Tenho um certo fascínio por estas forças da natureza, o gelo, a formação dos continentes, magmas e vulcões, e a força do tempo, milhoes e milhões de anos de processos neste globo. O parque foi um encontro com os primórdios da minha futura existência.
As Torres del Paine, vistas na entrada principal do parque, a 20 km de distãncia.
1 comentário:
Vou deixar um comentário algo inapropriado para este blog, mas não resisto, tal é a minha surpresa. Ando eu de link em link, a navegar na internet, eis se não quando um nome (Jorge Rabiço), associado a uma foto de rafting (espero não estar a cometer nenhuma gafe) me faz recuar, sei la uns 9, 10 anos; foi o bastante para dar uma olhada no blog e confirma-se és mesmo tu, ligado ao desporto e natureza, tal como te conheci. Incrivel reavivaste a minha memoria. Parabens pelo blog e pelas fotos fantasticas.
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