sexta-feira, dezembro 12, 2014

AméricaNuMinuto - A Gruta e a Geologia do Vale (22 Novembro 2014) 4º GC

Para entender esta maravilha da geologia tive que ler, pelo menos os mínimos sobre a origem do que me rodeava. Com a possibilidade de algumas gralhas cientificas e sem qualquer tipo de presunção, o Grand Canyon é cavado pela passagem do Rio Colorado, rio de grande caudal alimentado essencialmente pela parte central das montanhas rochosas que drena para o sudoeste americano e termina no Mar de Cortez entre o México e a Baja California. O que torna este local mágico são as caracteristicas específicas das rochas que as facas da água cortaram. Para o perceber tive que ir às origens da terra. Aquando da formação do planeta terra, formaram-se depois do arrefecimento inicial, aquilo a que chamamos de rochas mães, granito, xisto etc e tal. Após este fenómeno, uma era de massivas erupções vulcãnicas expeliu gases e vapor de água em quantidades suficientes para se formar a atmosfera, chover como se não houvesse amanha, e daí se formarem os oceanos. Apartir deste ponto, começaram a formar-se no fundo dos oceanos camadas de sedimentos para ele levados por rios, extinções de animais em massa, depositos de plantas etc. Com o contar dos segundos da vida da terra, e com o movimento das placas tectónicas da terra, parte destas zonas vieram à superficie bem cedo e assim permaneceram até aos dias de hoje. O facto de serem precoces nesse afloramento, ou o facto de nunca terem estado sujeitas a depositos de sedimentos, fez destas zonas do planeta terras antigas, onde todos os vestígios de camadas seximentares foram lavados e arrastados de novo para o mar (o norte de Portugal é disso um exemplo, onde o granito abunda). Outras zonas houve onde este afloramento aconteceu mais tardiamente o que tornou essa erosão mais lenta e conservou os solos sedimentares. A ajudar, o planalto precisou-se em altitude (2000 metros) protegido da pluviosidade do pacífico pela Sierra Madre californiana, o que tornou a erosão ainda mais incipiente. Ficou então à mercê principalmente do Rio Colorado, que rasgou com facilidade estes substratos de rocha macia até à rocha mãe, o Vishnu Xist e o Quartzite Granite. Cada camada de sedimento representa uma era com um acontecimento particular, diferente, o que torna as camadas únicas em altura, dureza e cor. 
Era um "high light". Naquela manha entramos numa das mais espantosas camadas do Grand, a Rewall Limestone. A parede agigantava-se minuto a minuto até atingir 200 metros de altura no seu expoente. Era uma zona onde o rio era estreito. A sinfonia da água, encontrou a transição desta camada para uma mais macia, numa curva bem apertada. Em caudais grandes, a inércia das águas cavou sedimentos na base desta parede, e formou uma enorme gruta. Estendia-se ... 100 metros de fundo por 100 de largo, e 10 de altura, com um chão forrado de um enorme areal. Jogamos com a luz e a falta dela e fotografamos para a posterioridade. Os capacetes no ar ficaram impressos na parede adjacente como uma marca eterna, a quimíco, e os 16 animaram a gruta a preto e branco.  Era um espaço protegido e de acampamento proibido. O local era de tal forma especial que nos cruzamos na gruta com uma expedição de rafters que tinha acampado dia anterior 1 milha cima e acamparia naquela noite 1 milha abaixo, tirando o máximo partido daquela pintura. Como estávamos a fazer o Grand em tempo limitado (14 dias para um normal de 25) usufruimos o que podemos e flutuamos ainda com as mentes naquelas paredes até ao proximo "camp site". 


 Ao som de Deep Blue Day - Brian Eno

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